Felizes por sangrar

É surpreendente como alguns tabus resistem ao passar do tempo. Um deles, que concerne a nós, mulheres, é o da menstruação. Em maior ou menor medida, esse fenômeno está presente em todo o mundo, alcançando, em alguns países, extremos impensáveis.

Na Índia, por exemplo, considera-se que uma mulher menstruada é uma mulher impura e suja. As mulheres que se encontram nesse período do ciclo devem ocultá-lo de maneiras complexas, escabrosas e até nocivas para a saúde. Inclusive, muitas jovens se sentem com tanta vergonha quando estão menstruadas que se veem obrigadas a faltar a aula e, em alguns casos, deixam de ir à escola.

Não é menos alarmante o que acontece em nível religioso. Grande parte dos templos da Índia proíbe a entrada de mulheres que se encontram “naqueles dias”. Levando em conta a importância que tem a religião no país, tirar-lhes o direito de seguir suas crenças é tirar uma parte importantíssima de suas vidas.

Como se tudo isso fosse pouco, somaram-se as seguintes declarações de Prayar Gopalakrishnan, o diretor do Sabarimala, famoso templo onde nenhuma mulher, em qualquer fase do ciclo menstrual, pode entrar: “Chegará o dia em que haverá uma máquina para detectar se é o momento adequado para entrar neste templo. Quando essa máquina for inventada, falaremos sobre deixa-las entrar”. Não é preciso dizer qual é o “momento adequado” ao qual ele se refere...

Assim, algumas mulheres decidiram romper o silêncio. E então nasceu a campanha “Felizes por Sangrar” (“Happy to Bleed”), iniciada pela jovem indiana Nikita Azad, que tem por objetivo acabar, de uma vez por todas, com a discriminação que as mulheres de seu país sofrem por algo tão natural como o ciclo menstrual.

Dessa forma, rapidamente centenas de mulheres indianas (e até homens) começaram a publicar fotos e frases nas redes sociais para apoiar esse movimento que, esperamos, seguirá crescendo.

E você? Já se sentiu com vergonha durante o período menstrual? Em que situações? Se você quiser conhecer outros motivos pelos quais uma mulher sofre discriminação, não perca “A Pequena Família de Terra”, SEGUNDA às 21h30.