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De quem deve ser a decisão de abortar?

Momento Lifetime
Por Lifetime Brasil el 23 de July de 2022 a las 00:30 HS
De quem deve ser a decisão de abortar?-0

Ter um filho é coisa séria. Eu sempre bato na tecla que ter por ter ou ter para criar de qualquer jeito, é melhor deixar pra lá. A nossa sociedade faz uma pressão insuportável no casalzinho recém-casado para ter logo um filho. Depois, para esse filho ganhar um irmãozinho. Quando todas as decisões sobre parir ou não uma criança deveria ser da mulher e, no máximo, do casal.

 

Agora, e se esse filho não é esperado ou não é desejado? É certo incumbir essa mãe da criação de uma criança? Vamos pensar em três situações que aconteceram bem perto de mim:

 

Tenho uma amiga que foi vítima de um estupro coletivo. Um caso terrível da minha infância, que me fez cair na realidade de coisas que eu não esperava aprender aos 15 anos. E se ela engravidasse em meio a essa tragédia? Seria justo com essa adolescente ter um filho fruto de um estupro, aliás, de vários estupros a ponto dela nem saber qual dos f.d.p seria o pai da criança? 

 

Tivemos uma funcionária que a filha, de 12 para 13 anos, engravidou num namorico. Morava com a mãe, empregada doméstica, não tinha juízo nem para cuidar da vida dela, quiçá de uma criança. Para quem sobraria esse fardo? Ela tirou o bebê com o nosso apoio. Hoje, está se formando em enfermagem e é uma mulher e tanto!

 

Eu engravidei do meu primeiro filho na pausa da pílula. Estava mudando de trabalho, em crise no namoro, dividia um apartamento com uma amiga. Se pensei em tirar? Várias vezes. Conversamos sobre, consultei os riscos de fazer um aborto ilegalmente e todas as consequências disso. Resolvemos voltar o namoro, assumir o filho e hoje, 10 anos depois, estamos juntos com uma família linda. Mas se fosse pra segurar a onda toda sozinha...

 

São três situações diferentes de três mulheres em momentos diferentes. Mas todas impossibilitadas de tomar uma decisão, com o aval da lei brasileira, sobre o futuro da própria vida. Veja se é justo isso: numa situação de gravidez indesejada você não poder interromper essa gestação de forma segura, porque, no Brasil, isso é crime.

 

Não, não é porque Deus quis, não é porque a mulher é safada. Não é porque ela dá pra todo mundo. Não é por não se proteger. A decisão de ter ou não um filho é, e sempre será, da mulher. Estando ou não a lei do lado dela. O único impedimento aqui é a quantidade de dinheiro que essa mulher tem para fazer todo o trâmite por baixo do pano, caso não queira gerar uma criança.

 

O que tem que ser levado em consideração (gente, isso é sério) é a qualidade de mãe que essa mulher vai ser. Aliás, se ela quer ser mãe e tem condições de se preparar pra isso. Porque ninguém, ninguém mesmo vai carregar esse fardo para ela. Haja vista as 6 milhões de crianças brasileiras que foram abandonadas pelo pai ao nascerem.

 


IMAGEM: Shutterstock.com